Do que restou - Por Thiago Terenzi
23:53 postado por Thiago Terenzi
Eles se foram, mas outros vieram. E os outros eram como os que se foram – percebi isso ao olhar o olhar disfarçado, fingindo ser o que não é: o mesmo olho negro, o mesmo sorriso plastificado, os mesmos traços finos, que se arrastam numa beleza andrógena de falsa-inocência. O corpo magro e insosso. Análogo aos que se foram.E tudo ressurge. Como o ouroboro que ilustra o eterno retorno nietzscheano. E tudo desaba. Como a eterna loucura nietzscheana.Logo agora que estava eu livre de mim – estava eu ensaiando os primeiros passos rumo à liberdade, que está logo ali - Vê? Estava tão perto - tão próximo do que me é verdadeiramente meu. Tão longe dos olhos alheios que censuram e destroem e tão próximo da luz que há tempos enxergo em sonho – de tão perto, fui capaz de sentir seu hálito fresco refrescar o meu. Mas voei por mares do além-mar e sei que não és capaz de ver tão longe. Foi erro meu, eu sei. Estava preparado para ir além – para explorar sorrisos de carne e osso e auscultar corações sem cicatrizes – mas não estas preparado. Não és livre de tudo o que é alheio. E eu quero a liberdade.Quanto aos que vieram, trouxeram o que há de pior: o amor. Pois o amor antes da liberdade, destrói – para amar é necessário estar além de si mesmo. E eu não estou. Estou livre de alma, mas não de corpo. Quero corpo e alma.Quanto ao que vi, apenas a silhueta magra, alta e os olhos pedindo ajuda. As mãos passeando trêmulas e o sussurro ao pé do ouvido. Estava escuro. Senti cheiros, mas não sei precisar de que. Senti gostos, mas não me atrevo a lembrar-me o sabor. Senti-me livre, mas foi enquanto a luz manteve-se apagada. Logo ascendeu.
6 de março de 2008 às 10:52
Bom dia Thiago!
Fico feliz ao ler um novo texto seu.
Ainda mais com tamanha "subjetivismo" expresso em cada frase. Isso traz vida e enriquece o texto.
Sou apaixonado por textos assim, daí minha adimiração por seus escritos.
Gostei do texto inteiro, todavia a frase "Quero corpo e alma" resume por si só o que você quis dizer. (Opinião minha).
Não demore muito a postar outro texto.
Estarei aguardando.
Abraço.
18 de março de 2008 às 16:00
Voltei por aqui.
Abraço.
18 de março de 2008 às 21:01
cara, pirei demais nos seus textos.
nossa, demais!
quisera eu poder escrever assim!
/:
meu blog é mais meu diário de espírito mesmo :P
24 de março de 2008 às 23:20
O amor, sim, destrói, quando não se sabe amar. Mas quem sabe amar?
15 de abril de 2008 às 14:23
Voltei por aqui... hehe
Abraço!
8 de julho de 2008 às 18:20
Suas palavras surgem do abismo da alma, do silêncio que observa cada detalhe. O Sonho inóspito e essa idéia louca de que tudo é real, me faz ver verdades em vc. As vezes vejo mais do que a verdade, mas não sei se posso ousar pisar tão longe, afinal já é escuro, e eu tenho que voltar pra casa. Vejo Clarice! Vejo o espelho brow!